Quando passei no vestibular de Direito, situação inusitada,
pois ninguém esperava; meu pai se dispôs em dar-me um carro, tendo escolhido um
jeep Williams, para desespero de minhas mães Santina e Maria Alice, que
desejavam um fusquinha, o veículo da época.
Foi o melhor presente que já recebi, pois naquele tempo
somente o Leo Fragoso possuía uma Rural mais era da turma dos maiores e
tínhamos pouco acesso; portanto foi supimpa.
Foi logo apelidado de GUERREIRO
pelo Emilio, vez que praticamente toda noite íamos guerrear, isto é, procurar as
domésticas da nossa cidade. Era muito disputado, mas sempre o time principal
contava com Emilio, conhecido como o rei das domésticas, nego Lelé, Clailton e
logicamente seu proprietário e condutor. Dentre os vários pontos persuasão, a
Praça do Centenário era o preferido, face ao número, como a beleza das
mulheres. Estacionávamos na esquina da
casa do Dr. Simões e saiamos à caça; tínhamos como pacto que ao completar a
lotação o que sobrasse voltaria de ônibus, não perturbando os demais, sempre
funcionava. Quem não gostava era o Gilson Mascarenhas e sua namorada, filha o
Dr. Simões, pois testemunhava, sem querer, toda a estratégia de conquista. Além
da Praça do Centenário, tínhamos outras boas opções, como a Praça do Plaza,
Sinimbú e Pirulito, com o velho Guerreiro sempre tínhamos êxito.
Também fazíamos varias viagens ao
interior para caçar em Pilar, Penedo ou Igreja Nova, aos sábados; às festas de
Viçosa, Atalaia, Da Chita em Paulo Jacinto, vaquejadas em Capela, |Joaquim
Gomes, etc .
Aconteceu um caso hilário quando
fomos a festa de Capela, eu, Clailton, Emilio e Osório; como andávamos sempre
lisos,fomos direto para a Usina João de Deus do Coronel José Otávio, avô da
Katia minha colega de aula, chegando na hora da janta , cara de pau, aceitamos de bom grado o jantar e
seguimos para a festa. La pelas tantas, depois de muita dança e paquera, já
turbinados, decidimos voltar para Maceió, pois a estrada não estava em bom
estado, face as chuvas de inverno. Quando subi a primeira ladeira, constatei
que a direção estava muito dura, tive que parar o jeep, acordando os cachaceiros.
O Clailton que entendia um pouco, constatou que faltava óleo na caixa de
direção, que eu não sabia de sua existência. Resultado, viemos dirigindo à seis
mãos, todos ficaram bons incontinente; mais o difícil não era virar a direção,
era desvirar, foi um acontecimento; nunca mais esqueci de verificar o malfadado
óleo.
Fiz uma aposta com o Nequito,
irmão do Leo Fragoso de que subiria a escadaria da Igreja Catedral, uma caixa
de Bacardi; boa parte da turma foi para a Praça da Catedral testemunhar a
subida. Para facilitar, peguei no Posto do Pierre, um apoio de descarrego, para
subir e descer a calçada que era muito alta; toparam subir comigo Emílio e
Osório os outros ficaram na Praça, engrenei o Guerreiro e até que a subida foi
legal, mas na descida, o Osório começou a vomitar, tivemos de retirá-lo, mas ganhei
fácil a caixa de Bacardi.
Em outra ocasião, o Clailton para
sacanear, fez a troca das velas; e como eu só sabia dirigir a pulso, ao ligar o
jeep para a noitada, foi uma explosão só, pipocava de todo lado, alarmado,
parei e como sempre, fui pedir apoio ao Tonho, motorista do Dr. Homero que era
meu anjo da guarda, resolvido a bronca, o Clailton como pena, passou vários
meses sem andar no Guerreiro.
Com o passar do tempo, pela falta
total de conservação, pois além de não entender nada de mecânica, nem lavar eu
lavava; o Guerreiro começou a quebrar, principalmente na partida, que precisava
dar toques no acelerador, de vez em quando era preciso ajustar os freios que as
vezes falhava; e ,numa dessas vezes ao voltarmos de uma caçada no Pilar, eu, Compadre
Gabriel Miranda e Emílio, um conhecido do Sr. Aloisio pediu carona levando um
pote de barro descomunal, avisamos que estávamos com pouco freio, mais o cara
afirmou que saltaria sem problema, não queria levar, mais o Emílio maldosamente,
concordou em levá-lo até o Tabuleiro; não deu outra, o cara levou uma baita
queda quebrando inclusive o pote.
Toda vez que o Guerreiro
quebrava, vínhamos buscar o Tonho, que sempre nos rebocava com a fubica Ford 29
que nunca que brava, já tinha mos além de uma corda um cabo de aço que serviu
para arrancar o portão da zona da Ana, no Tabuleiro, portão esse que foi
colocado no Sítio Sacy na Chã do Pilar e pago pela mãe do Beto a dona do
prostíbulo..
As mais atribuladas eram as
viagens que fazia a cidade de Paulo Afonso, onde sempre ficava na casa do
compadre e primo Geraldo Silva, onde ia namorar e farrear.
Foi uma exigência de Dona
Santina, antes de casar deveria vender o Guerreiro, a seu ver, um pedaço de mal
caminho; foi o que fiz.
Alguns meses depois, ao voltar da
Igasa, onde era gerente, estava na porta de casa vários carros da Polícia; em
síntese, tinham batido com o Guerreiro em um carro da Polícia e fugido, e como
estava em meu nome estiveram na minha casa para prender-me, mas após a
apresentação da documentação da alienação, tudo foi resolvido.
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