segunda-feira, 9 de julho de 2012

O GRANDE GUERREIRO por Cuca


Quando passei no vestibular de Direito, situação inusitada, pois ninguém esperava; meu pai se dispôs em dar-me um carro, tendo escolhido um jeep Williams, para desespero de minhas mães Santina e Maria Alice, que desejavam um fusquinha, o veículo da época.

Foi o melhor presente que já recebi, pois naquele tempo somente o Leo Fragoso possuía uma Rural mais era da turma dos maiores e tínhamos pouco acesso; portanto foi supimpa.

Foi logo apelidado de GUERREIRO pelo Emilio, vez que praticamente toda noite íamos guerrear, isto é, procurar as domésticas da nossa cidade. Era muito disputado, mas sempre o time principal contava com Emilio, conhecido como o rei das domésticas, nego Lelé, Clailton e logicamente seu proprietário e condutor. Dentre os vários pontos persuasão, a Praça do Centenário era o preferido, face ao número, como a beleza das mulheres. Estacionávamos na esquina  da casa do Dr. Simões e saiamos à caça; tínhamos como pacto que ao completar a lotação o que sobrasse voltaria de ônibus, não perturbando os demais, sempre funcionava. Quem não gostava era o Gilson Mascarenhas e sua namorada, filha o Dr. Simões, pois testemunhava, sem querer, toda a estratégia de conquista. Além da Praça do Centenário, tínhamos outras boas opções, como a Praça do Plaza, Sinimbú e Pirulito, com o velho Guerreiro sempre tínhamos êxito.

Também fazíamos varias viagens ao interior para caçar em Pilar, Penedo ou Igreja Nova, aos sábados; às festas de Viçosa, Atalaia, Da Chita em Paulo Jacinto, vaquejadas em Capela, |Joaquim Gomes,  etc .

Aconteceu um caso hilário quando fomos a festa de Capela, eu, Clailton, Emilio e Osório; como andávamos sempre lisos,fomos direto para a Usina João de Deus do Coronel José Otávio, avô da Katia minha colega de aula, chegando na hora da janta , cara de  pau, aceitamos de bom grado o jantar e seguimos para a festa. La pelas tantas, depois de muita dança e paquera, já turbinados, decidimos voltar para Maceió, pois a estrada não estava em bom estado, face as chuvas de inverno. Quando subi a primeira ladeira, constatei que a direção estava muito dura, tive que parar o jeep, acordando os cachaceiros. O Clailton que entendia um pouco, constatou que faltava óleo na caixa de direção, que eu não sabia de sua existência. Resultado, viemos dirigindo à seis mãos, todos ficaram bons incontinente; mais o difícil não era virar a direção, era desvirar, foi um acontecimento; nunca mais esqueci de verificar o malfadado óleo.  

Fiz uma aposta com o Nequito, irmão do Leo Fragoso de que subiria a escadaria da Igreja Catedral, uma caixa de Bacardi; boa parte da turma foi para a Praça da Catedral testemunhar a subida. Para facilitar, peguei no Posto do Pierre, um apoio de descarrego, para subir e descer a calçada que era muito alta; toparam subir comigo Emílio e Osório os outros ficaram na Praça, engrenei o Guerreiro e até que a subida foi legal, mas na descida, o Osório começou a vomitar, tivemos de retirá-lo, mas ganhei fácil a caixa de Bacardi.
Em outra ocasião, o Clailton para sacanear, fez a troca das velas; e como eu só sabia dirigir a pulso, ao ligar o jeep para a noitada, foi uma explosão só, pipocava de todo lado, alarmado, parei e como sempre, fui pedir apoio ao Tonho, motorista do Dr. Homero que era meu anjo da guarda, resolvido a bronca, o Clailton como pena, passou vários meses sem andar no Guerreiro.
Com o passar do tempo, pela falta total de conservação, pois além de não entender nada de mecânica, nem lavar eu lavava; o Guerreiro começou a quebrar, principalmente na partida, que precisava dar toques no acelerador, de vez em quando era preciso ajustar os freios que as vezes falhava; e ,numa dessas vezes ao voltarmos de uma caçada no Pilar, eu, Compadre Gabriel Miranda e Emílio, um conhecido do Sr. Aloisio pediu carona levando um pote de barro descomunal, avisamos que estávamos com pouco freio, mais o cara afirmou que saltaria sem problema, não queria levar, mais o Emílio maldosamente, concordou em levá-lo até o Tabuleiro; não deu outra, o cara levou uma baita queda quebrando inclusive o pote. 

Toda vez que o Guerreiro quebrava, vínhamos buscar o Tonho, que sempre nos rebocava com a fubica Ford 29 que nunca que brava, já tinha mos além de uma corda um cabo de aço que serviu para arrancar o portão da zona da Ana, no Tabuleiro, portão esse que foi colocado no Sítio Sacy na Chã do Pilar e pago pela mãe do Beto a dona do prostíbulo..

As mais atribuladas eram as viagens que fazia a cidade de Paulo Afonso, onde sempre ficava na casa do compadre e primo Geraldo Silva, onde ia namorar e farrear.

Foi uma exigência de Dona Santina, antes de casar deveria vender o Guerreiro, a seu ver, um pedaço de mal caminho; foi o que fiz.


Alguns meses depois, ao voltar da Igasa, onde era gerente, estava na porta de casa vários carros da Polícia; em síntese, tinham batido com o Guerreiro em um carro da Polícia e fugido, e como estava em meu nome estiveram na minha casa para prender-me, mas após a apresentação da documentação da alienação, tudo foi resolvido.  

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