segunda-feira, 4 de abril de 2011

MOLECAGENS DE MARDEM MELÉ por Lelé



MATINÉ NO PLAZA

Sábado à tarde, Cuíca, Melé e eu fomos para o Plaza ver um faroeste. A seção tava meio vazia, a negrada concentrada no centro do salão. No meio do filme, Melé se levanta, e vai até as cadeiras da frente, olha pra baixo, demora um pouco e volta pra junto da gente. Um curioso foi lá conferir que o Melé espiou. Na mesma hora que baixou a cabeça para olhar botou um lenço no nariz. Mardem, educadamente, para não incomodar os vizinhos de cadeira foi peidar na frente do salão onde estava vazio. Nós três caímos na gaitada...

O CARRO DO DR. ADAIL

Pouquíssima pessoa tinha carro na Avenida, um deles era Dr. Adail, um tremendo munheca de pau. Em frente a casa dele havia uma espécie de tonel na rua. Ele pediu a Mardem Melé, que passava na hora, para lhe orientar no acostamento. Mardem na sua gagueira começou a berrar “ ven-ven-ven-ven...” , aí, TIBUM, o carro derrubou o tonel, e amassou toda a traseira. Imediatamente Melé gritou sem gaguejar: “Aí tá bom!!!” , e saiu na maior carreira...

A CHAVE DE SÃO PEDRO

Melé achou uma chave de portão na calçada da Avenida, daquelas chaves que São Pedro carrega para guardar a porta do céu. Aí ele foi para beira do calçamento e ficou parando os carros (a freqüência não era grande) perguntando se o motorista não tinha perdido aquela chave.( Tô ficando broco - a tempo - essa história aconteceu com Mozart Cintra e não com Melé. Dois maloqueiros de primeira linhagem!)

APRESENTAÇÃO AO FRAZÃO

O mago Edson Frazão morava no Rio, mas a fama da gagueira e molecagem de Melé já andava por lá. Frazão veio à Maceió, e encontrou com a gente no bar do Chopp. Apresento ele ao Melé. Mardem estende a mão e começa a gaguejar: “ mui-mui-mui...”, aí o mago dá maior gargalhada. Melé berra imediatamente “ ta-tá-tá se abrindo a pri-primeira vista, porra!”.

QUILOWATT

Na praia da Avenida geralmente sentávamos em roda para papear com as meninas, debaixo de sombrinhas de praia. Numa roda dessa, Mardem tentava dizer alguma coisa, mas com a dificuldade que tinha pra falar, não saía a voz, e com o papo animado ninguém ficou esperando sair a fala de Melé. De repente sai um grito dele: “ Bi-Bi-Biriba, se-seus qui-quilowatts estão de fora”. Biriba olhou pra baixo, viu seus colhões à vista das meninas, e vermelho de vergonha (naquela época existia isso), levantou-se e saiu correndo...

TRAVALIANA

Na época de São João, Mardem, ainda bem criança, andava com os bolsos cheio de travalianas, aquelas bombas que estouravam quando jogávamos ela na parede, e faziam estremecer os ares. Era um estrondo da gota. No começo da noite, as donas de casa ficavam tomando sereno sentadas em cadeiras de balanço na calçada em todas as ruas da região. Melé não perdoava, percorria as ruas onde não era conhecido (foi logo quando chegou na Avenida) e jogava as travalianas perto das cadeiras das velhinhas. Ele era desprovido totalmente da noção de perigo que podia causar tal insanidade. E dizem que menino não tem maldade...

Nenhum comentário: