quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

CARNAVAL NA AVENIDA por Paulo Ramalho




Na década de cinqüenta, não recordo o ano, meu Pai Luiz Ramalho, resolveu fazer um bloco para o carnaval, com os filhos e sobrinhos.

Foi o Bloco do Flitt, não sei se a ortografia está correta, era um inseticida muito utilizado na época, cuja propaganda apresentava uns soldados vestidos a caráter, cuja farda predominava o branco, uma túnica com botões dourados de cima a baixo, nos dois lados com as bordas também douradas, cartola alta na cabeça, com bastante dourado, e a bomba de inseticida na mão.

Assim fizemos, o pai se fantasiou de barata, e nós os soldados, com farda idêntica, e nas bombas uma essência de perfume que compramos no mercado, diluída em água para não ficar ativa, muito forte, e assim fomos ao baile de carnaval no Fênix.

Anos depois participei do Quarenta e Dois Espada D’Água, com vários amigos-irmãos da avenida e inúmeros outros.

Antes dos bailes, a concentração era num buteco que havia na Rua Marechal Roberto Ferreira, perto da Praça Sinimbu.

Quando chegávamos no ponto, partíamos para o Clube. CORSO

Não vou citar os componentes, porque éramos muitos e sei que não lembro de todos.

Nessa época o General Mário Lima era Presidente do Fênix, e flagrou Betuca, seu filho, tomando porre de lança perfume.

Como exemplo começa em casa, de imediato expulsou Betuca do Clube.

Como era diferente!

Reunimos o Quarenta e Dois Espada D’Água, e decidimos por unanimidade rebaixar o General para Cabo Lima.

E assim passamos a tratá-lo, entre nós, é claro.

Além das prévias, que íamos a todas, durante os quatro dias, brincávamos direto que nem cantiga de grilo.

Íamos pular e fazer o corso no comércio, às onze horas íamos para casa trocar de roupa, encontrávamos no Quartel General, na Rua Marechal Roberto Ferreira, e íamos para o Clube até às cinco ou seis da manhã.

A segunda-feira que era dia de descanso, passávamos o dia em algum banho, lembro-me de um em Messias, uma bela piscina de água corrente, numa pedreira da Família Uchoa.

Em toda casa que íamos, fazíamos uma modinha rimando Zé Pereira, Carnaval, Quarenta e Dois, e o dono da casa.

Na casa do General Mário Lima:

Viva o Zé Pereira
Viva a Festa Fina
Viva o Quarenta e Dois
Viva o Mário Lima

Na casa do Almir:

Viva o Zé Pereira
Viva o Carnaval
Viva o Quarenta e Dois
Viva o Agesilao

Na casa do Seu Raul, pai do Ronaldo:

Viva o Zé Pereira .
Viva a Festa Azul
Viva o Quarenta e Dois
Viva o Seu Raul.

Na casa do Seu Uchoa:

Viva o Zé Pereira
Viva a Festa Boa
Viva o Quarenta e Dois
Viva o Seu Uchoa.

Sem me prender à cronologia, nem citar nomes, para não cometer injustiça, lembro-me ainda dos blocos Guerreiros Astecas, que não participei, Tirolês, esse participei, e numa época em que a bermuda ainda não era bem aceita nos bailes noturnos, fomos de bermuda, e a rigor, da cintura para cima, fui com um fraque e cartola, que eram de meu pai.

O Banho de Mar à Fantasia, realizado do domingo que antecede o carnaval, era realizado na Avenida, e as casas do General Mário Lima e Luiz Ramalho, meu pai, eram paradas obrigatórias dos blocos que lá desfilavam.

E assim brincamos inúmeros, bons e inesquecíveis carnavais.

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